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Eu terminei o último boletim abordando um conceito de liquidez que é denominado Necessidade de Capital de Giro (NCG). Conforme está demonstrado na figura abaixo, ao realizar a compra ou iniciar o serviço (no caso das empresas desta natureza), normalmente o fornecedor dá um prazo para que o pagamento seja efetuado. Mas, os materiais permanecem um tempo “parado” nos estoques e/ou sendo produzidos (e os serviços sendo executados) até que a venda (faturamento) possa ser efetivada. Geralmente só a partir da venda é que os clientes podem ser cobrados, sendo que a empresa também concede um prazo para que os recebimentos ocorram. Acontece que, por causa disto tudo, via de regra, as saídas de dinheiro ocorrem antes das entradas, portanto a empresa precisa dispor de recursos para conseguir efetuar os pagamentos enquanto as entradas não ocorrem. E, quando esse dinheiro retornará? Nunca, pois ao pagar uma duplicata, retirar um item do estoque e receber uma fatura, outras compras, produções e vendas estarão ocorrendo; fazendo com que esse dinheiro (capital) fique sempre girando pela operação. Daí é que surge o conceito da NCG, que são os recursos necessários para financiar essa defasagem entre as entradas e saídas de dinheiro. Por outro ângulo, pode-se entender que enquanto a empresa não paga os fornecedores, o dinheiro permanece no caixa, e por outro lado, enquanto os itens ficam nos estoques, e/ou estão sendo produzidos e enquanto o cliente não pagar, por outro lado, o dinheiro não entra no caixa.
A partir de tudo isto, pode-se concluir que ao avaliar o caixa da empresa é necessário analisar as decisões relacionadas aos prazos. As negociações dos prazos de recebimento com os clientes, assim como os preços de venda, fazem parte de um “pacote” chamado condições comerciais. Estas por sua vez, conforme já foi dito, são totalmente dependentes do quanto o cliente valoriza o que está sendo entregue para ele. Neste sentido, quando os tempos para recebimento atingem níveis mais elevados, isto implica que algo precisa ser ajustado no relacionamento com o cliente. Outra decisão fundamental é a de conscientizar a equipe sobre tal questão. Pois, quem nunca entrou em uma loja que antes mesmo de mostrar interesse pela compra, o atendente já sai dizendo que você pode parcelar em “tantas” vezes? No próximo boletim continuarei a explorar essa questão dos prazos.
Marcelo Simões Souza
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