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#59Como e por que é importante cuidar de Lucro e Caixa

Como e por que é importante cuidar de Lucro e Caixa

Por que e para que uma empresa existe? Certamente não pode ser para gerar lucro e caixa. Até porque, dinheiro é um meio e não um fim. Afinal de contas, um carro é adquirido para que o proprietário fique cuidando de combustível, óleo e água utilizados, ou para ajudá-lo com o propósito de se deslocar de um lugar para outro?

Um negócio é criado por um propósito de atender necessidades, desejos, anseios do holograma (clientes, sócios, colaboradores, fornecedores, parceiros). Isto não significa que resultados econômicos e financeiros não sejam importantes. Esses são uns dos recursos essenciais para cumprir com o propósito, mas não o propósito em si.

Parafraseando o ditado popular: “lucro e caixa não trazem felicidade…mas eliminam um importante fator de perturbação”.

Este é o ponto, quando há escassez de dinheiro, infelizmente há uma tendência de que todas as energias da empresa se voltem para este problema, normalmente esquecendo da sua razão de existir – o seu propósito.

Nesses momentos é comum haver uma mobilização para redução de gastos, negociações com fornecedores para postergação de pagamentos e busca de uma “tacada” genial para aumentar as vendas.

Ninguém mais discute sobre: necessidades dos clientes, diferenciais que precisam ser desenvolvidos para tornar a empresa única, alinhamento estratégico (missão), valores, relacionamentos da equipe, perspectivas e preparação para o futuro.

E, em alguns casos extremos, as reuniões de análise de resultados também deixam de existir. Qualquer assunto perde em prioridade para conversas com bancos e/ou sobre fluxo de caixa.

Portanto, uma empresa com “dinheiro em caixa” em tese tem mais tranquilidade para cuidar de tudo isso que foi citado no parágrafo anterior. Lógico, além de poder fazer os investimentos necessários para prosperar e recompensar sócios e colaboradores com distribuições de lucro.

No entanto, eu escrevi “em tese” de propósito. Porque o fato de um negócio estar bem financeiramente, não significa necessariamente que a atenção estará voltada para o desenvolvimento do propósito, isso só elimina um fator de perturbação e libera as mentes para se preocupar com o holograma.

E, como fazer para evitar essa situação de falta de recursos? É preciso estar constantemente agindo a partir de decisões calcadas nos aprendizados sobre como cada ação realizada afeta os resultados do negócio. Conforme já escrevi, a matéria-prima do conhecimento é a informação

Em outras palavras, os indicadores podem se transformar em aprendizado, que pode melhorar a decisão, a ação, o lucro e o caixa. Os quais por sua vez tendem a gerar mais tranquilidade para desenvolver o propósito. Diante disto, é importante que a empresa tenha um “painel de controles” confiável, eficiente e eficaz.

Voltando ao exemplo do carro. Imagine um veículo sem indicador de combustível ou com um marcador de temperatura com problemas de precisão! Nesse caso a tendência é que as atenções se direcionem para os recursos ao invés de ficarem voltadas para a viagem em si, as paisagens, o destino, os passageiros, os possíveis obstáculos na pista etc.

A viagem provavelmente terá que ser interrompida algumas vezes para verificar a situação. E, em casos extremos, a dificuldade de acompanhamento, pode levar a uma escassez crônica e acabar com a viagem antes.

 

Índices e Diagnóstico de Outubro de 2013

 

LUCRATIVIDADE

 

TOTAL

INDÚSTRIA

VAREJO

SERVIÇO***

Margem de Contribuição

30,8%

35,1%

31,8%

25,2%

Lucratividade Operacional

9,0%

11,4%

5,3%

8,1%

Lucratividade Líquida

7,2%

9,7%

-0,5%

8,4%

PE* Operacional

70,8%

67,4%

83,5%

67,9%

PE* Líquido

76,6%

72,5%

101,6%

66,8%

LÍQUIDEZ

NCG**/Recompensa (Faturamento)

1,08

1,50

0,17

 

Variação da NCG/Lucro Operacional

0,79

0,51

2,17

 

Formação de Caixa Operacional/Lucro Operacional

0,21

0,49

-1,17

 

Formação de Caixa Total/Lucro Operacional

0,32

0,03

1,75

 

Ciclo Econômico e Financeiro

140

39

242

 

Prazo de Recebimento de Clientes

44

45

44

 

Prazo de Estoques

154

68

240

 

Prazo de Pagamento de Fornecedores

58

74

42

 

Inadimplência/Total de Contas a Receber

14,5%

10,7%

18,3%

 

*PE – Ponto de Equilíbrio          ** NCG – Necessidade de Capital de Giro           ***Regime de Caixa

 

A lucratividade do mês de outubro foi muito mais interessante para todos os negócios. O segmento de Serviços reverteu um resultado operacional negativo de -3,8% em setembro para esses 8,1% que está no quadro acima. No Varejo esse indicador cresceu de 1,6% para 5,3%; e a Indústria apresentou o maior aumento, de 2,3% para 11,4%.

Nas empresas prestadoras de serviços e nas varejistas esse crescimento tende a ser explicado pela melhoria da relação entre preço de vendas versus custos de compras de mercadorias/insumos e/ou uma melhor combinação do portfólio de produtos e serviços entregues para os clientes no período.

Isto porque as margens de contribuição desses negócios cresceram na mesma proporção que a lucratividade: Varejo, de 27,9% para 31,8% e Serviços, de 20,4% para 25,2%. O importante é buscar o aprendizado sobre como essa melhoria de performance foi conquistada. O que cada um fez de diferente para isto?

O cliente foi beneficiado? Isto tende a aumentar sua fidelidade. A equipe sentiu orgulho no que fez? Isto, via de regra, incentiva o comprometimento e o desejo de contribuir cada vez mais com o propósito. Já na Indústria o crescimento de 1,4 pontos percentuais na margem não podem explicar o incremento do lucro.

Deve ser uma combinação entre aumento de volume de vendas e ajustes nas despesas. As perguntas a serem feitas são: por que a empresa vendeu mais e o que foi feito para gastar menos?

Já na formação de caixa as empresas apresentaram desempenhos opostos ao de setembro. A operação do Varejo, contrario ao mês anterior, consumiu caixa. O resultado negativo do índice Formação de Caixa Operacional/Lucro Operacional demonstra isto.

Em outras palavras, houveram menos recebimentos de clientes do que pagamentos de contas operacionais (matérias-primas, mercadorias, insumos, impostos, encargos trabalhistas, remunerações, despesas com o apoio do negócio, tais como, aluguel, água, telefone, publicidade etc.).

A principal explicação está relacionada à mudança do ciclo econômico e financeiro (de -46 para 242), ou seja, em setembro o dinheiro entrava na conta das empresa 46 dias antes dos pagamentos. Em outubro isto inverteu, o recebimento passou a acontecer 242 dias depois dos pagamentos.

Porém, isto não pode desviar a atenção sobre o aumento da inadimplência – de 7,8% para 14,5%. Isto precisa ser trabalhado.