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#4Indicadores de resultado fundamental

Indicadores de resultado fundamental

Discorremos em outra oportunidade, a necessidade dos indicadores retratarem toda a realidade da empresa. Pois bem, para que os gestores consigam visualizar sua empresa sob o aspecto econômico e financeiro, é essencial que essa possua indicadores de lucratividade e de liquidez.

Lucro é mensurado através da conta: receitas menos custos, menos despesas. Porém, tenho percebido que poucos compreendem que isto é somente a conta que apurara este índice.

O importante é avaliar o conjunto de ações e suas conseqüências que estão sendo demonstrados pelo indicador. Durante um mês, os talentos da empresa realizam uma série de ações que consomem esforços (custos e despesas) e geram benefícios (receitas).

O lucro tem como finalidade demonstrar exatamente isto, se os benefícios (faturamento) recompensam adequadamente os esforços.

Avaliar indicadores de lucratividade, portanto, implica em analisar como a empresa está se relacionando com o mercado e como está gerindo os recursos e talentos que estão entendendo e atendendo esses clientes.

Eu criei a minha definição para lucro: “são os resultados proporcionados aos clientes gerados pelos resultados dos colaboradores, menos os investimentos aplicados na satisfação do cliente e do colaborador”.

No entanto, o faturamento do período, que faz parte da apuração do lucro, normalmente na sua grande maioria não é recebido à vista e o mesmo acontece com os gastos que também não são pagos à vista. Portanto, existe outro ângulo para analisar os resultados: o da formação de caixa.

O que acontece é que ao comprarmos a matéria-prima que será utilizada na produção do produto final (ou a mercadoria para revenda ou um insumo utilizado diretamente na prestação de um serviço); essa passa um tempo “parada” no estoque até ser faturada para o cliente; o qual pagará após um determinado prazo. Supondo que em estoques fique por sessenta dias e o cliente demore quarenta dias para pagar, isto significa que o dinheiro só entrará no caixa cem dias depois que o material chegou à empresa.

Mas, se considerarmos que os fornecedores concedem um prazo de cinqüenta dias para serem pagos, então a empresa precisa efetuar um desembolso cinqüenta dias antes de o dinheiro entrar no caixa. A este descompasso, que faz parte da operação das empresas, dá-se o nome de Necessidade de Capital de Giro (NCG).

Esta representa o volume de recursos que a empresa precisa dispor para sua operação “girar” normalmente. A gestão do caixa é totalmente influenciada pelo impacto que as ações causam nos prazos de recebimento de clientes, de tempo nos estoques e de pagamento de fornecedores.

Diante disto é fundamental que a empresa possua indicadores que possibilite avaliar decisões que envolvem estes fatores.

 

Índices e Diagnóstico

LUCRATIVIDADE

 

TOTAL

INDÚSTRIA

VAREJO

SERVIÇO***

Margem de Contribuição

29,1%

35,7%

21,0%

49,2%

Lucratividade Operacional

5,7%

5,6%

3,7%

16,8%

Lucratividade Líquida

3,3%

2,7%

1,8%

13,5%

PE* Operacional

80,4%

84,3%

82,5%

65,8%

PE* Líquido

88,7%

92,5%

91,4%

72,5%

LÍQUIDEZ

NCG**/Faturamento

128,1%

110,0%

139,9%

 

Variação da NCG/Resultado Operacional

-26,6%

25,6%

-78,9%

 

Formação de Caixa/Resultado Operacional

-166,1%

-113,4%

-219,1%

 

Ciclo Econômico e Financeiro

62

49

76

 

Prazo de Recebimento de Clientes

36

43

29

 

Prazo de Estoques

63

35

92

 

Prazo de Pagamento de Fornecedores

37

29

45

 

Inadimplência/Total de Contas a Receber

12,8%

15,7%

10,0%

 

*PE – Ponto de Equilíbrio          ** NCG – Necessidade de Capital de Giro           ***Regime de Caixa

 

Em abril aconteceu um fato que merece atenção especial: com exceção a serviços, os percentuais de margem de contribuição cresceram, mas os resultados não acompanharam, pelo menos não na mesma proporção.

Para identificar o que foi feito de positivo que provocou o aumento da margem, a liderança deve investigar se os preços de venda subiram em relação aos preços de custos e/ou estes caíram em relação àqueles e/ou foram vendidos produtos com margens maiores.

Já para buscar a causa do resultado ter caído, deve-se apurar se o faturamento caiu em uma proporção tal que o aumento de margem não foi capaz de compensar e/ou se as despesas de apoio (água, luz, telefone, aluguel, tarifas bancárias etc.) aumentaram.

Nas empresas de serviços as perguntas devem ser opostas: foram entregues serviços de menor valor agregado e/ou os valores cobrados foram mais baixos? Por que o faturamento aumentou e/ou as despesas de apoio reduziram?

O desempenho dos indicadores de liquidez não foi nada bom em abril. Todos os segmentos tiveram consumo de caixa. Na indústria para cada R$ 100,00 de lucro operacional foram consumidos R$ 113,40 de caixa e no varejo, R$ 219,10.

O aumento da inadimplência especificamente na indústria e o aumento dos prazos de recebimento e do tempo em estoque contribuíram um pouco para isto. O que até foi amenizado pelo crescimento do prazo de pagamento dos fornecedores.

Mas, o que realmente comprometeu, foram os gastos extra-operacionais (pagamento de juros, amortização de empréstimos, distribuição de lucros etc.). O raciocínio é simples. Supondo um faturamento de R$ 100,00, um lucro de R$ 5,70, e com uma necessidade negativa em 26,6%, a operação acabou gerando um caixa de R$ 7,22.

Como o caixa consumido no mês foi de R$ 9,47 (166,1% do lucro operacional), então pode-se dizer que as movimentações extra-operacionais foram de R$ 16,69 (R$ 7,22 – R$ 16,69 = – R$ 9,47).

Diante disto, os gestores precisam avaliar com a máxima atenção o que realmente está acontecendo, pois se isto continuar acontecendo a empresa poderá ter sérios problemas de liquidez.

Há a necessidade de saber se estão ocorrendo investimentos, retiradas, amortizações maiores do que a empresa é capaz de suportar.