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#175Por que analisar indicadores? Passado não é permanência, mas é referência.

Por que analisar indicadores? Passado não é permanência, mas é referência.

HUMANIZAR NÚMEROS PARA VIVER A ABUNDÂNCIA DE UMA NOVA ECONOMIA.

Ao longo dos quase 30 anos em que atuo como consultor financeiro, deparei-me com muitas pessoas questionando se realmente vale a pena apurar indicadores. Essa dúvida surge porque o processo de elaboração de números, confiáveis, requer um certo esforço das "controladorias" das empresas. Afinal, quando os dados são registrados apenas para controlar a operação, não há necessidade de se preocupar com critérios, como o código do plano de contas por exemplo, tornando o processo muito mais simples. Então, a resposta é:

Esse esforço só compensa se os indicadores forem utilizados e promoverem o aprendizado. Em outras palavras, para que o custo-benefício seja válido, eles devem contribuir e aprimorar o processo de tomada de decisão.

Outro argumento frequente é: "De que adianta olhar para o passado, já que não podemos mudá-lo?". Essa é uma das razões pelas quais escolhi o título deste texto: "Os números do passado são apenas uma referência". Os indicadores dos resultados passados têm como objetivo gerar aprendizado sobre como as ações impactaram o lucro e o caixa. Isso, fazendo uma analogia, é semelhante a pesar-se depois de uma alimentação ou atividade física diferentes. Queremos entender os efeitos. Agora, podemos garantir que essas relações entre resultados e ações, causa e efeito, se repetirão no futuro? Nenhuma garantia! Não podemos saber com certeza. Somos incapazes de prevermos exatamente o que irá acontecer no futuro. Existe até um ditado popular que ilustra bem isso: "O futuro, só a Deus pertence". No entanto, ao usar essas referências nos processos de decisão, é possível minimizar os riscos e buscar uma jornada de prosperidade. Mas não podemos nos iludir, não há risco zero, especialmente no mundo dos negócios.
 
No entanto, é preciso ter cuidado ao analisar o passado e não cair na tentação de querer permanecer nele. Afinal, o passado é mais seguro, pois já temos domínio sobre os resultados, o que não acontece com o futuro. No entanto, como dizem, só existe o presente, e é no presente que vivemos e construímos o futuro. Frases famosas como "Viu? Deu certo..." ou "Eu sempre fiz assim e sempre obtive bons resultados..." são extremamente perigosas. Tenho muita curiosidade para saber como foi a reunião dos executivos da Kodak quando decidiram não avançar no mundo digital. Essa empresa, que detinha dois terços do mercado em 1996, decretou falência em 2012, segundo a Virtua Brasil. De acordo com a mesma fonte: "Todo esse sucesso comprometeu sua visão inovadora, e a diretoria encarou as câmeras digitais como uma ameaça, optando por não investir em seu avanço".
 
Em resumo, não podemos mudar o que já aconteceu, mas o passado é uma referência que nos traz muitos aprendizados. Um bom conjunto de indicadores desempenha um papel fundamental nisso. O passado nos ensina como podemos viver melhor no futuro e alcançar melhores resultados amanhã. Porém, podemos até repetir as realizações, mas não somos capazes de garantir que as reações serão as mesmas, já que as circunstâncias não serão iguais. Como disse o pensador Heráclito: “Ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas, e o próprio ser já se modificou...”. Por isso, que o analisar os indicadores do passado servem com uma referência para o aprendizado, mas não é permanência.

 

 

Marcelo Simões Souza