Incrementando

#5Destrinchando o lucro

Destrinchando o lucro

O lucro é o indicador que demonstra a geração de riqueza econômica de uma empresa. O que é isso? Os especialistas em saúde dizem que quando gastamos menos calorias do que consumimos, acumulamos energia.

Pois bem, é isto exatamente o que acontece quando uma empresa tem lucro. Porém, a analogia é às avessas, porque enquanto para o corpo humano não é bom, já que essa energia acumulada transforma-se em gordura, para as empresas é um dos objetivos na dimensão econômica.

Essa “energia” produzida pelo lucro é que possibilita a empresa prosperar. Investir no desenvolvimento da sua equipe, em tecnologia e infra-estrutura para agregar valor para os clientes e para quem os atende.

Acumular reservas para aproveitar oportunidades, para recompensar investidores e colaboradores. Há também os investimentos na operação, demonstrado pelo crescimento da NCG (Necessidade de Capital de Giro), os quais também são financiados pelo lucro.

O mundo muda e exige que as empresas acompanhem. As pessoas anseiam e precisam se desenvolver. Cada vez mais se comenta sobre as responsabilidades sociais das empresas.

Para que tudo isto seja possível, as empresas precisam de recursos, e é o lucro a principal fonte destes. Porém, quero enfatizar que as empresas precisam e devem estar constantemente buscando o lucro, mas este não pode ser o objetivo fim em si.

O lucro tem que ser encarado como a principal fonte de financiamento para o desenvolvimento dos negócios.

Nestes quinze anos que faço trabalhos de Gestão de Resultados em empresas tenho constatado que na maioria dos casos não existe esse entendimento sobre o lucro.

Para reforçar a minha constatação, há uns três ou quatro anos atrás a revista Exame estampou na capa o título “A Vergonha do Lucro”, uma matéria apoiada em uma pesquisa realizada em empresas, a qual abordava a baixa preocupação com esta questão, principalmente por parte dos colaboradores. Isto acaba criando um ciclo vicioso: pouco se entende, pouco se fala e pouco se foca em obter lucro.

Portanto, é essencial que antes de “abrir” os números para a equipe, se discuta sobre a importância do lucro em uma empresa, seu papel, seus destinos e sua finalidade.

O passo seguinte é desenvolver a habilidade de correlacionar o lucro com as ações de um determinado período.

Para apoiar este trabalho, existe também o conceito do ponto de equilíbrio e pode-se destrinchar o lucro em seis grandes componentes: faturamento, custos variáveis, margem de contribuição, despesas fixas, resultado (lucro) operacional e resultado líquido. No próximo boletim irei detalhar o ponto de equilíbrio e esta decomposição do lucro.

 

Índices e Diagnóstico

LUCRATIVIDADE

 

TOTAL

INDÚSTRIA

VAREJO

SERVIÇO***

Margem de Contribuição

28,6%

25,7%

31,2%

44,3%

Lucratividade Operacional

6,4%

5,3%

4,3%

18,8%

Lucratividade Líquida

5,3%

4,5%

2,9%

15,9%

PE* Operacional

77,5%

79,5%

86,1%

57,5%

PE* Líquido

81,5%

82,5%

90,8%

64,1%

LÍQUIDEZ

NCG**/Faturamento

99,6%

46,2%

186,9%

 

Variação da NCG/Resultado Operacional

-327,5%

-472,0%

6,5%

 

Formação de Caixa Operacional/Resultado Operacional

439,8%

577,6%

21,4%

 

Formação de Caixa Total/Resultado Operacional

342,0%

540,8%

-117,5%

 

Ciclo Econômico e Financeiro

59

46

71

 

Prazo de Recebimento de Clientes

33

40

26

 

Prazo de Estoques

58

32

83

 

Prazo de Pagamento de Fornecedores

32

26

38

 

Inadimplência/Total de Contas a Receber

11,2%

13,9%

8,6%

 

*PE – Ponto de Equilíbrio          ** NCG – Necessidade de Capital de Giro           ***Regime de Caixa

 

No geral e nos três segmentos individualmente, a lucratividade das empresas vem apresentando um comportamento interessante de pouca oscilação em todos os seus índices. Exceto janeiro que foi o melhor mês desse ano até agora (naquele boletim ainda não tínhamos números de empresas de serviços), o resultado (lucro) líquido geral atingiu um mínimo de 1,6% e um máximo de 5,3%.

Este último, por acaso aconteceu nesse último mês de maio. O lucro operacional variou menos ainda, 2,5 (dois e meio) pontos percentuais. Isto tem um lado bastante positivo que é o fato dos resultados não estarem caindo. Porém, por outro lado, não estão aumentando também. Há duas questões preocupantes. Em primeiro lugar, como as empresas estão conseguindo essa manutenção dos resultados? Reduzindo despesas? Isto tem um limite. Há um momento em que não tem mais o que enxugar.

Como então farão para garantir os resultados? O outro ponto é que as empresas estão “presas” a baixos níveis de resultados. Eu entendo que os resultados não deviam ser inferiores a dez por cento para empresas únicas, com diferenciais e competências ajustadas, equipe orgulhosa, comprometida e trabalhando por uma causa etc.

O segundo semestre está chegando, eu recomendo que se realize uma boa reflexão sobre esse assunto e que se revisem planos, projetos e metas.

Um novo índice foi inserido no painel de indicadores: a formação de caixa operacional. O objetivo é analisar se as empresas estão aumentando ou diminuindo o caixa em função da gestão do lucro e do ciclo econômico e financeiro; e/ou em função de outras movimentações como: tomada de empréstimos, amortização dos mesmos, aporte e retirada de capital, investimentos etc.

Pode-se notar que em maio a indústria formou caixa e que, a diferença entre o total e o operacional não foi muito significativa. O mesmo não aconteceu no varejo.

Diante disto, como os prazos não alteraram muito de fevereiro para cá, o varejo precisa avaliar se a estrutura do seu ciclo precisa ser alterada ou se está havendo um descompasso entre o que a empresa é capaz de gerar de caixa e o que está sendo consumido com as outras movimentações citadas acima.