Incrementando

#15Formação de Preços – A Dimensão da Arte

Formação de Preços – A Dimensão da Arte

No boletim anterior abordei os critérios técnicos que acredito que atualmente são os mais adequados para a formação de preços nas empresas e, terminei fazendo uma colocação que tal processo tem também a dimensão da arte.

 

Pois bem, vou utilizar um exemplo para explicar esta questão. A liderança da INCREMENTAR LTDA. que possui quatro linhas de produtos no seu portfólio, após alguns debates e reflexões, chegou aos seguintes desafios para o próximo mês (divididos por 1.000):

Orçamentos: lucro necessário – $ 75; despesas fixas de apoio – $ 1.300

Percentual de custos variáveis (custo da mercadoria, impostos, comissões, fretes e taxas de cartões) e respectivos desafios de volumes de vendas para cada linha de produto: A – 30% e 430; B – 60% e 12.000; C – 45% – 8.000; D – 50% e 1.250.

A pergunta que fica é, como definir a participação de cada linha na margem de contribuição objetiva de $ 1.375 (soma de lucro necessário e despesas fixas de apoio)?

Aqui começa o trabalho de arte, que na verdade está relacionado com a capacidade de “leitura” que a empresa consegue fazer dos clientes, avaliar a percepção de valor destes e identificar o preço

que o mercado estaria disposto a pagar pelo que está sendo ofertado.

Eu acredito que uma das grandes ”artes” no mundo dos negócios é ser capaz de entender e atender necessidades, desejos e anseios dos clientes.

Diante disto, define-se a margem de cobertura de cada linha de produto, ou seja, a participação de cada linha nos $ 1.375.

Com o apoio da matemática então, conforme pode ser observado abaixo, chega-se ao faturamento, e dividindo este pelo desafio de volume de venda obtém-se o preço necessário.

imagem 15

E se o preço necessário de alguma linha ficar fora daquilo que o cliente está disposto a pagar?

Começa a segunda fase da arte: definir estratégias para volumes e percepção de valor do mercado.

 

ÍNDICES e Diagnóstico

LUCRATIVIDADE
  TOTAL INDÚSTRIA VAREJO SERVIÇO***
Margem de Contribuição 33,4% 29,5% 23,3% 73,2%
Lucratividade Operacional 6,1% 6,4% 3,2% 14,8%
Lucratividade Líquida 4,3% 5,5% 0,3% 15,1%
PE* Operacional 81,8% 78,3% 86,1% 79,8%
PE* Líquido 87,1% 81,3% 98,7% 79,4%
LÍQUIDEZ
NCG**/Faturamento 162,5% 94,5% 200,5%  
Variação da NCG/Resultado Operacional -31,4% 98,1% -174,6%  
Formação de Caixa Operacional/Resultado Operacional 141,6% 5,6% 291,8%  
Formação de Caixa Total/Resultado Operacional -63,7% -170,2% 53,9%  
Ciclo Econômico e Financeiro 55 52 57  
Prazo de Recebimento de Clientes 34 40 28  
Prazo de Estoques 44 28 60  
Prazo de Pagamento de Fornecedores 23 16 30  
Inadimplência/Total de Contas a Receber 9,7% 15,9% 3,6%  

*PE – Ponto de Equilíbrio          ** NCG – Necessidade de Capital de Giro           ***Regime de Caixa

 

Como estão os resultados da sua empresa em relação a essas médias publicadas no quadro acima? E em comparação aos desafios que estavam definidos para o mês de março?

Quais foram os fatores que contribuíram para as conquistas e quais aqueles que acabaram criando obstáculos? Você e a sua equipe debateram isto na reunião de resultados realizada nesse mês?

Chegaram a um consenso do diagnóstico e dos metaprojetos (planos de ação) que irão intensificar as conquistas e remover os obstáculos? Não utilizaram somente indicadores financeiros?

Quando todas as respostas forem sim, os indicadores na sua empresa estarão cumprindo com a sua principal finalidade: proporcionar aprendizado de como as ações realizadas impactam nos resultados da empresa.

A melhor base de referência são as metas e estes índices médios do mês publicados aqui, porque não faz muito sentido comparar resultados atuais com números realizados no passado, onde normalmente a realidade da empresa –externa e interna – foi diferente.

Entretanto, como não temos acesso aos desafios (metas), as avaliações são em relação ao mês anterior.

Diante disso, é importante identificar os motivos que levaram as margens na Indústria e Varejo permanecerem praticamente as mesmas e nos Serviços, terem aumentada.

Foram os preços ou o portfólio de produtos, ou aumento dos custos com materiais ou um pouco de cada? Por que a lucratividade cresceu na Indústria e Varejo e diminuiu nos Serviços?

Volume de vendas e/ou despesas que agregaram mais valor? Na análise da liquidez, o que foi feito para reduzir prazos de recebimento e de estoques? Isto é importante porque reduziu o investimento proporcional na N.C.G. e fez com que a operação gerasse caixa.

Por que a inadimplência teve um ligeiro crescimento na Indústria e ficou a mesma no Varejo?

Por fim, e sem nem precisar tomar o mês de fevereiro como base, por que o caixa gerado pela operação, principalmente na Indústria, está sendo consumido por outras movimentações? Amortizações de dívidas, investimentos, distribuições para sócios?