Incrementando

#11Planejando

Planejando

A maior parte das empresas já deve ter concluído seu planejamento para o próximo ano. Porém, pela minha experiência eu posso afirmar com toda segurança que há um bom percentual de pessoas questionando se o planejado irá realmente acontecer. O que leva estas pessoas a pensar assim? O fato dos objetivos e metas não serem alcançados. Normalmente, cria-se uma descrença nessa ferramenta de gestão. Qual ou quais são os motivos disto ocorrer?

Primeiro, é importante entender o objetivo de um planejamento. Este não é um acertamento. É a construção do futuro. Eu costumo chamar o planejamento de “preparamento”, pois ninguém tem a capacidade de prever exatamente o que irá acontecer amanhã, mas todos nós podemos nos preparar para alcançarmos determinados objetivos e seguirmos alguns caminhos.

A partir desta premissa descrita no parágrafo anterior, pode-se dizer que outro motivo é o fato das empresas não seguirem todos os passos de um planejamento. Em primeiro lugar, a partir das tendências, é preciso definir qual será o cenário do próximo ano (ou para o período que está sendo planejado).

A definição seguinte é de como a empresa se encaixará no cenário construído, ou seja, em função do que a equipe imagina que acontecerá no próximo ano, quais serão os objetivos e as conquistas que a empresa pretende obter.

O próximo passo é definir os planos (projetos, na linguagem metanóica) que levarão a empresa às conquistas e aos objetivos desejados.

Depois que tudo isto estiver elaborado, então chega o momento de traçar as metas. Por que os números aparecem só agora? Porque as metas devem ser conseqüência dos objetivos (onde queremos chegar) e dos planos (como chegaremos).

Para definir as metas é preciso cuidar da “dosagem”, não devem ser nem muito modestas que não estimule a equipe, e por outro lado também não podem ser além das capacidades da empresa, tornando-se assim frustrantes.

Metas precisam ser desafiadoras, dando norte para as ações. Outro ponto importante é que elas (as metas) devem ser definidas nas duas direções, de baixo para cima e vice-versa. Em outras palavras, a principal liderança deve definir o lucro necessário (de baixo para cima), enquanto a equipe define os desafios de receitas e despesas (de cima para baixo). Normalmente o resultado a partir das metas de receitas e despesas não “batem” com as necessidades de lucro da empresa.

Neste momento começa o processo que chamo de ioiô, onde todo planejamento precisa ser revisado. O último ponto importante, é que é essencial definir metas de formação de caixa também. E como foi feito o planejamento na sua empresa.

 

ÍNDICES e Diagnóstico

LUCRATIVIDADE

  TOTAL INDÚSTRIA VAREJO SERVIÇO***
Margem de Contribuição 30,4% 30,4% 27,2% 33,7%
Lucratividade Operacional 7,3% 7,3% 9,6% -18,7%
Lucratividade Líquida 6,8% 6,8% 8,5% -18,7%
PE* Operacional 76,1% 76,1% 64,7% 155,4%
PE* Líquido 77,6% 77,6% 68,8% 155,4%

LÍQUIDEZ

NCG**/Faturamento 84,5% 85,9% 83,7%  
Variação da NCG/Resultado Operacional 52,8% -101,2% 128,3%  
Formação de Caixa Operacional/Resultado Operacional 62,2% 268,9% -20,5%  
Formação de Caixa Total/Resultado Operacional 16,1% 156,5% -52,8%  
Ciclo Econômico e Financeiro 42 50 35  
Prazo de Recebimento de Clientes 33 39 28  
Prazo de Estoques 39 36 41  
Prazo de Pagamento de Fornecedores 30 26 34  
Inadimplência/Total de Contas a Receber 12,9% 16,1% 9,7%  

*PE – Ponto de Equilíbrio          ** NCG – Necessidade de Capital de Giro           ***Regime de Caixa

 

O segmento das empresas industriais apresentou uma recuperação no mês de novembro, tanto na margem quanto na lucratividade. A pergunta que fica é: essa melhora nos resultados foi conseqüência de ações gerenciais ou por causa do período de festas no país, onde a demanda cresce significativamente?

No Varejo aconteceu algo bastante interessante, a margem de contribuição teve uma queda expressiva. Porém, a lucratividade aumentou. A queda da margem pode ter duas razões: mudança no mix de produtos vendidos e/ou crescimento dos descontos.O aumento da lucratividade mesmo com margens menores, só pode ser explicado por dois motivos: redução nas despesas fixas (que, pelos números, a diminuição precisaria ser bastante expressiva) e/ou crescimento do volume de vendas.

Os Serviços por sua vez que tinham se recuperado no mês anterior, o desempenho em novembro foi muito abaixo do aceitável. Gerou um prejuízo, o qual requer uma grande preocupação e uma profunda reflexão para encontrar as principais causas.

O desempenho na formação de caixa foi bastante distinto entre os dois segmentos. Enquanto a Indústria formou caixa, o Varejo consumiu as reservas que tinha (ou até tiveram que captar recursos externamente). Eu vou sempre insistir nessa mesma pergunta: quais fatores interferiram nesses resultados?

Na Indústria, o que foi feito para aprimorar a situação de caixa? Ocorreram ações ou foi um simples acaso? No Varejo, o caixa foi consumido porque a empresa deixou de realizar algo ou porque as ações efetivadas não deram certo? Um dos principais papéis da liderança é compreender as causas dos resultados, para com isso atuar no que realmente está influenciando o desempenho.

O indicador de inadimplência, que representa o quanto a empresa tem de saldo de contas a receber vencido dividido pelo saldo total dos recebíveis, teve um comportamento semelhante às tendências da formação de caixa. Isto é, cresceu na Indústria e reduziu no Varejo. Entendo que também deve ser feita uma profunda reflexão. Por que o volume de atrasados está se mantendo? Problemas na análise de crédito ou na escolha do cliente?