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#6O que faz o lucro?

O que faz o lucro?

Eu comecei o boletim anterior dizendo que “lucro é um indicador…”. Pois bem, ele (o lucro) é medido por intermédio de números, mas feito através das ações.

Estou só resgatando o que já foi dito no boletim do mês de maio: “receita menos custos e despesas” é só a conta. O mais importante é analisar e entender como o que foi feito no período, levou a empresa a atingir o faturamento e realizar os respectivos gastos.

Um dos “fazimentos” mais importante que compõe a formação do lucro são as vendas. Mas, o que é faturamento? Matematicamente falando, é o resultado da multiplicação dos preços praticados vezes as quantidades vendidas de produtos e serviços.

Agora, como o cliente decide se aceita ou não pagar o que está sendo cobrado? Avaliando se a solução que está comprando vale mais ou, no mínimo, se equivale ao que está sendo pago.

Essa percepção de valor por parte do cliente é a conseqüência de como a empresa entende e atende às suas necessidades, e também de como o faz perceber que os seus problemas estão sendo resolvidos.

A quantidade vendida por sua vez, também depende dessa habilidade da empresa. Portanto, o faturamento, e conseqüentemente o lucro, é reflexo das ações que a empresa faz para se relacionar com o mercado.

O ato de faturar simboliza e materializa toda essa relação que a empresa estabelece com o cliente.

Diante disto, para analisar um resultado bom ou ruim e a partir disto tomar decisões, é essencial identificar a interferência do que foi feito no sentido de entender e atender o cliente.

Na dinâmica empresarial para resolver os problemas dos clientes, ou seja, para entregar um produto ou um serviço há a necessidade de se empregar um conjunto de esforços, os quais numericamente são representados pelos gastos realizados.

Em outras palavras, custos e despesas são os dispêndios com os recursos e com os talentos (já que pessoas são seres humanos e não recursos) gerenciados pela direção da empresa com o intuito de entregar as soluções para os clientes.

Em função disto venho alertando as empresas que analisar gastos implica em apurar o quanto cada real que sai agrega valor para o cliente e para quem o atende; significa avaliar se a escalação do time está permitindo aos colaboradores desenvolver o melhor dos seus potenciais. Mais uma vez, o lucro depende de como e o que se faz.

O recado que estou querendo passar desde o primeiro boletim é que, os números servem para demonstrar algo que foi feito. Portanto, a possibilidade de alterar os resultados está no que se faz. E, neste e em alguns próximos boletins continuarei discorrendo sobre o que está por trás dos números.

 

ÍNDICES e Diagnóstico

LUCRATIVIDADE

 

TOTAL

INDÚSTRIA

VAREJO

SERVIÇO***

Margem de Contribuição

33,5%

35,9%

29,6%

40,7%

Lucratividade Operacional

9,1%

8,0%

8,2%

15,1%

Lucratividade Líquida

6,5%

3,9%

6,6%

13,2%

PE* Operacional

72,9%

77,7%

72,3%

63,0%

PE* Líquido

80,5%

89,1%

77,6%

67,7%

LÍQUIDEZ

NCG**/Faturamento

102,9%

97,1%

118,8%

 

Variação da NCG/Resultado Operacional

-11,1%

-146,4%

68,2%

 

Formação de Caixa Operacional/Resultado Operacional

108,3%

226,8%

20,5%

 

Formação de Caixa Total/Resultado Operacional

61,1%

52,2%

75,4%

 

Ciclo Econômico e Financeiro

39

31

47

 

Prazo de Recebimento de Clientes

35

44

26

 

Prazo de Estoques

50

39

61

 

Prazo de Pagamento de Fornecedores

47

53

42

 

Inadimplência/Total de Contas a Receber

14,3%

18,1%

10,4%

 

*PE – Ponto de Equilíbrio          ** NCG – Necessidade de Capital de Giro           ***Regime de Caixa

 

O mais importante a ser observado nos índices de lucratividade no mês de junho é o retorno a patamares semelhantes aos valores de janeiro, principalmente o resultado operacional.

Depois de uma média deste indicador de 5,3 % para os meses de fevereiro a maio e um lucro líquido 3,3%, junho ficou próximo dos 9,8% e 8,2% realizados em janeiro. Mas é importante ressaltar que isto está concentrado na Indústria e no Varejo, já que em Serviços os resultados não variaram tanto, e pelo contrário, foram os menores desde março.

No entanto, é importante notar que aumentou a diferença entre o lucro operacional e lucro liquido na Indústria. Isto significa que o pagamento de juros aumentou. Quais foram os fatores que contribuíram com essa melhoria, é uma das perguntas que a equipe precisa responder.

As vendas aumentaram? Por quê? Os preços melhoraram? Por quê? O mix foi composto de produtos e serviços de melhor valor agregado? Por quê? As empresas de serviços devem fazer as perguntas contrárias. Além disto, é preciso se aprofundar na questão das despesas financeiras. A empresa está devendo mais ou pagando maiores taxas? Por quê?

Esta questão dos juros pagos pode ser respondida através dos indicadores da liquidez. Pode-se perceber que neste mês a gestão da Necessidade de Capital de Giro foi eficiente.

Porque mesmo o Varejo que teve parte dos resultados (68,2%) ficando na operação, ainda assim 20,5% dos resultados foram parar no caixa. Então o que pode estar gerando problemas de liquidez se as empresas também formaram caixa (61,1% no geral)?

A explicação é relativamente simples, esse aumento do caixa muito provavelmente pode estar sendo ocasionado por empréstimos junto a instituições financeiras. Diante disto a conclusão é que os gastos extra-operacionais (investimentos, distribuições, retiradas, amortizações etc.) continuam sendo maiores do que as empresas estão sendo capazes de suportar.

O termo “continuam” é porque este assunto já foi comentado em outro boletim. Será que as empresas estão planejando seus investimentos? Ou será que estão sendo feito com recursos de curto prazo? Uma reflexão que precisa ser feita pela equipe.