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#19Indicadores de resultados, não basta tê-lo, é preciso utilizá-los

Indicadores de resultados, não basta tê-lo, é preciso utilizá-los

Nos meus trabalhos de consultoria eu venho presenciando um fato bastante interessante: há uma boa quantidade de empresas que possuem indicadores, às vezes até em número excessivo, mas não estão conseguindo utilizá-los para melhorar seus resultados.

O que será que está acontecendo? As empresas precisam refletir seriamente sobre isto. Pois, além desse grave problema com os resultados, também gera desperdício do tempo e desgaste para as pessoas envolvidas em elaborar.

A primeira pergunta que deve ser feita é se os índices apurados estão medindo de fato o que está precisando ser gerenciado? Robert Kaplan, autor do “Balanced Socorecard”, diz: “…nós só gerenciamos aquilo que medimos…”; e eu acrescento, então devemos medir o que precisa ser gerenciado. De nada servirão números que não estiverem tratando das prioridades da empresa do momento.

Os indicadores não são eternos então? Quase isto. Estes devem ser uma ferramenta de auxilio no incremento dos resultados. Precisam ajudar no entendimento dos fatores que interferem no desempenho econômico (formação de lucro) e financeiro (geração de caixa) do negócio. Porém, vale lembrar que em uma empresa existem dois tipos de indicadores: de resultados e de processos.

O primeiro avalia se a empresa conseguiu atingir seus objetivos. De maneira simplista: gerar lucro e caixa, e fidelizar e gerar valor para colaboradores e clientes. Esses índices nunca deixarão de existir, já que são prioridades constantes para os negócios.

Por outro lado, há o grupo de indicadores que ajudam a compreender o que está acontecendo com os caminhos adotados para chegar nos resultados.

Por exemplo, nenhuma empresa tem como objetivo gerar ou não desperdício.

No entanto, em uma determinada fase pode ser um elemento crucial na geração de lucro, o que gera a necessidade de um índice de desperdício para acompanhar se as ações para reduzi-lo estão fazendo efeito. Mas, quando este for reduzido a zero ou atingir os menores níveis possíveis, e aliado isto for entendido que não há chance do desperdício voltar, então o indicador deixa de ter relevância.

A pergunta seguinte é: os indicadores são compreendidos por todos aqueles que precisam utilizá-los no processo decisório? Tem significado para eles (tomadores de decisão)? Normalmente quem precisa interpretar os resultados não tem a mesma habilidade de quem elabora os índices.

Estes precisam ser descomplicados, de fácil leitura e adaptados a cada nível de responsabilidade dentro da empresa. Não estou com isto querendo dizer que as pessoas não podem ter acesso as informações da empresa, mas que não será útil para elas ter que analisar o que não contribuirá em nada para o significado e desenvolvimento do seu trabalho.

Outra pergunta: quais as dinâmicas existentes hoje dentro da empresa para a análise, aprendizado e tomada de decisão a partir dos indicadores? Não faz sentido em criar indicadores e não implementar uma rotina para utilizá-los. Até porque, quanto mais eles são utilizados, mais se aprende, mais desejarão utilizá-los, e assim por diante, criando um circulo virtuoso na Gestão de Resultados.

 

Índices e Diagnóstico

LUCRATIVIDADE
  TOTAL INDÚSTRIA VAREJO SERVIÇO***
Margem de Contribuição 39,0% 39,9% 23,4% 76,1%
Lucratividade Operacional -2,4% -7,4% 2,4% 20,3%
Lucratividade Líquida -2,0% -7,2% 2,9% 21,5%
PE* Operacional 106,1% 118,6% 89,7% 73,3%
PE* Líquido 105,1% 118,0% 87,8% 71,7%
LÍQUIDEZ
NCG**/Faturamento 140,0% 149,0% 132,7%  
Variação da NCG/Resultado Operacional -63,7%**** -29,0%**** -197,0%  
Formação de Caixa Operacional/Resultado Operacional 45,7%**** -73,7%**** 303,0%  
Formação de Caixa Total/Resultado Operacional -23,7%**** -25,3%**** 48,8%  
Ciclo Econômico e Financeiro 78 66 91  
Prazo de Recebimento de Clientes 29 32 25  
Prazo de Estoques 98 107 89  
Prazo de Pagamento de Fornecedores 49 73 24  
Inadimplência/Total de Contas a Receber 8,6% 12,2% 5,0%  

*PE – Ponto de Equilíbrio          ** NCG – Necessidade de Capital de Giro           ***Regime de Caixa
**** – Matematicamente, o resultado da divisão de um número negativo por outro é um número positivo. Porém, o sinal de menos foi artificialmente colocado nesses índices para demonstrar que a variação da NCG e a formação de caixa operacional e total foram negativas. 

 

Eu tenho insistido que os números nas empresas tem a mesma finalidade que os termômetros para a nossa saúde. Em outras palavras, quando o termômetro indica que a temperatura do nosso corpo está fora do normal, o procedimento natural deve ser investigar a fundo o que está acontecendo para ter um diagnóstico e um prognóstico.

Portanto, essas médias (de empresas que gentilmente vêm cedendo seus números mensalmente) publicadas nesta seção do boletim, têm como objetivo servir como mais uma ferramenta para a liderança utilizar na análise dos resultados do negócio.

Mais uma vez a preponderância do volume de negócios da Indústria fez com que as médias totais se aproximassem mais dos resultados deste segmento

O qual obteve um desempenho bastante aquém, com um prejuízo na ordem de 7%. Este resultado econômico negativo também afetou a formação de caixa, já que este diminuiu mesmo com a variação da NCG tendo sido negativa.

Diante disto é fundamental debater mais uma vez (porque no mês anterior estes resultados também não foram positivos) com a equipe o ocorrido, para identificar os porquês.

Por que os metaprojetos (planos) que estão sendo realizados não estão conseguindo afetar suficientemente clientes e/ou colaboradores? Tem algo a mais que precisaria ser feito ou simplesmente correções de rota? Eu gostaria também de chamar a atenção para o prazo de estoque. Este está demonstrando que os itens estão ficando “parados” por três meses e meio. Um tempo muito elevado.

Os segmentos de Serviços e Varejo apresentaram melhores resultados na lucratividade, com especial destaque para o primeiro. Mas, eu insisto, que as lideranças não deixem de analisar com a equipe como os metaprojetos influenciaram positivamente nestes resultados.

No Varejo porém, é importante alertar para a grande demanda de caixa gerada pelos gastos extra operacionais.