Nos últimos boletins eu venho discorrendo sobre momentos em que decisões que afetarão os resultados econômicos e financeiros de maneira direta e profunda.
O objetivo destas definições servem para “construir” a tática da empresa: preços; quanto, o quê e para quem vender; prazos (de recebimentos e pagamentos); volume de compras e políticas de estoque; composição de caixa etc.
Por sua vez, todas estas decisões são tomadas a partir daquilo que a equipe definiu como tendência para o comportamento do mercado no futuro. Porém, não há como ter certeza do que exatamente acontecerá com os desejos dos clientes, economia etc.
Na verdade, planejar é um exercício de preparação para que a empresa possa determinar o futuro que deseja para ela e quais caminhos pretende percorrer para atingi-lo. Que resultados (de Corpo, Mente e Alma) pretende atingir e o que fará para isso.
Portanto, como não há como prever a exata reação do mercado, é fundamental então avaliar como foi seu comportamento e identificar os porquês.
O Quarto Momento de Resultados começa logo após o primeiro mês em que o que ficou decidido no planejamento começa a ser colocado em prática, é a hora que a equipe deve avaliar os resultados obtidos.
Esta é a hora de apurar os indicadores econômicos e financeiros (lucro, margem de contribuição por unidade gerencial, necessidade de capital de giro, ciclo econômico e financeiro etc.) e fazer uma profunda análise a respeito das causas dos “números” gerados.
Neste momento a primeira responsabilidade da liderança é elaborar o diagnóstico do que aconteceu no período:
1.O que foi realizado daquilo que havia sido combinado?
2.Quais obstáculos encontrados para o que não se conseguiu realizar?
3.Quais as correlações entre as ações efetivadas e os resultados atingidos
4.Por que vendemos o que vendemos, gastamos o que gastamos, negociamos os prazos (de recebimentos e pagamentos) que negociamos e compramos o que compramos?
A partir de um consenso sobre o diagnóstico, é necessário então definir um prognóstico. Em outras palavras, é preciso decidir se tudo que foi planejado deve continuar exatamente do mesmo modo ou se precisam ser feitas “correções de rota”.
Diante disto, pode surgir uma pergunta: o planejamento pode ser alterado? A resposta: deve! Um planejamento é fruto do conjunto dos conhecimentos disponíveis no momento em que é elaborado. Portanto, após um mês há uma grande quantidade de aprendizado por parte das pessoas. Por que não utilizar esses novos conhecimentos para ajustar os planos?
Mas, vale enfatizar que a sugestão é de ajustar os planos e não as metas de resultados. Isto só deve acontecer um último caso, já que o lucro é definido em função das necessidades de investimentos, formação de capital de giro, distribuições de resultados e reservas para contingências e oportunidades.
Como investimentos e formação de capital de giro são praticamente compulsórios, então só é possível mesmo rediscutir distribuições e reservas. Devemos fazer isto?
Índices e Diagnóstico
LUCRATIVIDADE | ||||
TOTAL | INDÚSTRIA | VAREJO | SERVIÇO*** | |
Margem de Contribuição | 40,7% | 42,3% | 22,9% | 73,2% |
Lucratividade Operacional | -2,8% | -3,8% | -3,6% | 7,4% |
Lucratividade Líquida | -3,9% | -4,4% | -6,4% | 6,0% |
PE* Operacional | 106,9% | 109,1% | 115,7% | 89,8% |
PE* Líquido | 109,6% | 110,3% | 128,1% | 91,7% |
LÍQUIDEZ | ||||
NCG**/Faturamento | 160,4% | 153,8% | 185,6% | |
Variação da NCG/Resultado Operacional | 136,6% | 277,5% | -256,4% | |
Formação de Caixa Operacional/Resultado Operacional | -297,1% | -535,3% | 362,4% | |
Formação de Caixa Total/Resultado Operacional | -27,5% | -22,4% | -44,2% | |
Ciclo Econômico e Financeiro | 172 | 43 | 302 | |
Prazo de Recebimento de Clientes | 48 | 37 | 59 | |
Prazo de Estoques | 182 | 69 | 296 | |
Prazo de Pagamento de Fornecedores | 58 | 63 | 53 | |
Inadimplência/Total de Contas a Receber | 10,8% | 15,0% | 6,6% |
*PE – Ponto de Equilíbrio ** NCG – Necessidade de Capital de Giro ***Regime de Caixa
O desempenho das empresas industriais e varejistas no mês de junho foi bastante insatisfatório, e isto também acabou se refletindo na média total, pois estes dois segmentos representam a grande maioria no volume de negócios dentre as empresas que compõem esse boletim.
O lucro operacional negativo demonstra que o faturamento dessas empresas não foi suficiente para pagar os custos e as despesas utilizados para gerar esta receita. No segmento de indústrias o bom resultado de margem de contribuição (42,3%) tende a mostrar que o prejuízo deve ter sido reflexo de baixos volumes de vendas e/ou aumento nos gastos fixos.
Já o Varejo além destes fatores, vem tendo problemas na formação de preços e/ou na composição de mix, como pode ser observado pelas baixas margens de contribuição que vem obtendo nos últimos meses. Em junho: 22,9%. Empresas de serviços, ao contrário de tudo isto, atingiram resultados operacionais positivos no período: margem de 73,2% e lucro de 7,4%.
Porém, em todas as empresas, mais uma vez as necessidades financeiras afetaram os desempenhos, pois todas obtiveram lucratividade líquida menor do que a operacional, demonstrando
que houve pagamentos de juros para bancos e/ou fornecedores e/ou terceiros etc. Na análise dos índices relacionados à formação de caixa o que chama a atenção é o alto prazo de estoques que apresentou o Varejo no período. Eu tenho percebido através dos trabalhos de consultoria nas empresas, que tem ocorrido um descontrole no que diz respeito aos estoques.
Tenho notado que o maior problema tem sido em função da falta de sincronia entre a área comercial e os responsáveis pelas compras.
A equipe comercial é aquela que está mais próxima dos clientes, portanto, detém uma capacidade maior de conhecer os desejos destes para direcionar o que deve ser comprado. A área de compras conhece quem fornece no melhor custo-benefício.
Enfim, estamos começando um novo semestre, todas as reflexões sugeridas neste e nos boletins anteriores e os conhecimentos adquiridos a partir disto, devem ser consideradas na revisão dos planos (metaprojetos) e metas de receitas e despesas para os próximos meses.