Incrementando

#67Planejamento 7 x 1 Improviso

Planejamento 7 x 1 Improviso

O mês de setembro normalmente é o momento que as empresas começam a se dedicar ao exercício do planejamento (ou Preparamento, como prefiro denominar este processo)

Diante disto, e influenciado pela Copa do Mundo que terminou no mês passado, resolvi reunir esses dois assuntos que gosto muito – futebol e planejamento – para explicar a importância dessa ferramenta de gestão, que se bem utilizada pode ajudar significativamente a incrementar os resultados dos negócios.

O provável maior vexame da história da seleção brasileira não foi por acaso e nem por causa de um único fator. Mas, como o objetivo deste boletim não é falar sobre futebol, mas sim de proporcionar conhecimentos para contribuir com os resultados das empresas, então vou me limitar a discorrer sobre como um planejamento bem elaborado e, bem implementado, contribui com as conquistas.

Assim como nas empresas, havia um propósito maior para a Alemanha: ganhar uma Copa do Mundo. E a palavra “uma” foi escrita de propósito e traz a primeira lição.

O planejamento começou há oito anos atrás com o objetivo de realizar tal conquista, agora ou talvez até em 2018.

Tanto que o técnico é o mesmo nesse período, e foi se preparando, pois foi auxiliar técnico na copa de 2006.

Já o Brasil, improvisou novamente e definiu o técnico um ano e meio antes da copa. As empresas precisam construir seus futuros, já que estes não são previstos, mas construídos.

Assim como não adianta ficar olhando para o passado e “chorando o leite derramado”. Vale lembrar que eles perderam uma copa dentro do seu país, em 2006. O passado não se muda, com ele só se aprende.

É óbvio que nenhum negócio pode ficar 8 anos sem resultados. Não ficaram. Nas três competições oficiais que ocorreram nesse período: um 2o lugar, um 3o lugar e um 4o lugar. Portanto, enquanto resultados excelentes estão sendo construídos, bons resultados precisam ser conquistados.

Um bom Preparamento começa com a análise do cenário para o período a ser planejado. Isto requer pesquisar sobre as tendências dos fatores que afetam a empresa.

Os alemães se informaram sobre a tendência das condições climáticas dos locais onde fariam seus jogos, e como resultado disso escolheram a Bahia como local para se instalar.

Além disto, segundo palavras do auxiliar técnico: “…têm estudado aos mínimos detalhes nosso adversário e colocaram cada jogada feita por eles, todo artigo escrito sobre eles, e tudo que já foi divulgado sobre eles sob o microscópio e disponibilizaram todos esses dados a nós…somos capazes de observar de perto nosso adversário e traçar nossos planos para a partida…”.

Traduzindo para a linguagem empresarial, foram buscar o máximo de informações possível sobre o cliente e as tendências do seu comportamento no futuro. Também analisaram o cenário interno versus a tendência do futebol mundial, e perceberam que o estilo de jogador “troncudo” e com pouca flexibilidade característico deles, não teria mais espaço.

A partir dos cenários surgem várias oportunidades e obstáculos, e aí chega o momento de decidir quais deles serão trabalhados no próximo período, e definir os objetivos. No entanto, estes se transformam num conjunto de intenções caso não sejam elaborados planos, que são os “comos”.

E por fim é fundamental definir desafios (metas) para os indicadores de resultados. Ajuda a orientar.

 

Índices e Diagnóstico de Junho de 2014

LUCRATIVIDADE

 

TOTAL

INDÚSTRIA

VAREJO

SERVIÇO***

Margem de Contribuição

28,8%

34,4%

27,0%

24,4%

Lucratividade Operacional

24,2%

-1,3%

13,8%

-7,4%

Lucratividade Líquida

3,4%

-4,2%

13,2%

-7,2%

PE* Operacional

84,2%

103,9%

49,0%

130,5%

PE* Líquido

85,9%

112,3%

46,1%

129,7%

LÍQUIDEZ

NCG**/Recompensa (Faturamento)

1,52

1,40

1,84

 

Variação da NCG/Lucro Operacional

-1,30

****

-0,61

 

Formação de Caixa Operacional/Lucro Operacional

2,30

****

1,63

 

Formação de Caixa Total/Lucro Operacional

1,81

****

1,41

 

Ciclo Econômico e Financeiro (em dias)

80

58

103

 

Prazo de Recebimento de Clientes (em dias)

41

48

34

 

Prazo de Estoques (em dias)

94

86

102

 

Prazo de Pagamento de Fornecedores (em dias)

55

76

33

 

Inadimplência/Total de Contas a Receber

21,0%

31,6%

10,4%

 

*PE – Ponto de Equilíbrio          ** NCG – Necessidade de Capital de Giro           ***Regime de Caixa       ****Em função do lucro operacional ter sido negativo, não faz sentido calcular estes índices da maneira que fazemos neste boletim. Isto porque o objetivo desses indicadores é demonstrar como o lucro é utilizado: investimento operacional (variação da NCG) e/ou outros investimentos (diferença entre formação de caixa total e de caixa operacional) e/ou fica acumulado no caixa.

 

Eu tenho sido constantemente questionado sobre o panorama econômico das empresas nesse primeiro semestre do ano. A minha resposta tem sempre sido a mesma: sob a ótica dos resultados tem sido um ano sem padrões.

A Indústria que até abril era o único segmento não tinha apresentado nenhum resultado negativo, em junho teve o pior desempenho e acumulou o segundo prejuízo consecutivo. As empesas varejistas tiveram um primeiro trimestre sofrível, começaram a melhorar a lucratividade em abril (4,8%), subiu em maio para 8,7% e atingiu o maior resultado operacional do ano em junho: 13,8%.

O segmento de Serviços por sua vez foi o que mais oscilou resultados nesse período. Em maio teve o melhor lucro operacional do semestre: 24,3%; e em junho o pior, -7,4%.

Muito tem se falado sobre os efeitos da Copa do Mundo, das eleições, da condução econômica do governo etc. Eu recebi um texto recentemente onde um economista prevê um verdadeiro “apocalipse econômico” para o próximo ano, com um cenário pré-real: inflações de dois dígitos, falta de produtos nas lojas etc.

Bem, apesar de eu não acreditar que isto vá acontecer, não sou especialista nesse assunto, então não posso dizer que essa é ou não a minha previsão. O que sei é que não resolve nada ficar só se preocupando com isto.

As empresas precisam na verdade se focar em constantemente buscar excelência no Corpo (processos), na Mente (entendimento e atendimento de clientes) e na Alma (liderança e compromisso da equipe), pois em qualquer situação são as empresas “excelentes” que se saem melhor.

É a excelência que traz os resultados. E, não estou dizendo para desconsiderar os fatores externos, mas para “virar a seta” para o próprio negócio, e buscar caminhos para obter resultados com a conjuntura do momento, seja ela qual for.

Os indicadores de liquidez por sua vez mostram que os dois segmentos formaram caixa em junho, conforme pode-se observar em Formação de Caixa Operacional/Lucro Operacional (2,30) e Formação de Caixa Total/Lucro Operacional (1,81). Isto aconteceu porque a NCG caiu: -1,30