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#72Que decisões podem ser tomadas para cada indicador.

Que decisões podem ser tomadas para cada indicador.

Eu tenho insistido com a frase: “números não explicam, só indicam”. Indicam o que? Os reflexos que um conjunto de ações causaram nos resultados – lucro e caixa, quando se olha para a dimensão econômica da empresa.

A finalidade dos indicadores é apontar quais ações devem ser incentivadas (quando contribuem com o incremento dos resultados) e quais, revistas ou desestimuladas. Portanto, é fundamental correlacionar medidores e realizações para que tais decisões possam ser tomadas.

O lucro, de maneira geral, é uma composição entre faturamento, custos variáveis (impostos sobre vendas, comissões, fretes de entrega, insumos, materiais e mercadorias), e despesas com estrutura de apoio.

Os resultados desse índice mostram então – através do número do faturamento – os efeitos das decisões relacionadas ao que se faz para entender o mercado, atendê-lo, mostrar o quanto a empresa faz diferença na vida deste e como consequência, preços praticados, produtos, serviços e diferenciais oferecidos.

Através dos custos, a lucratividade indica acertos e equívocos de decisões e ações relacionadas a fornecedores e processos de produção. A margem de contribuição, que é o resultado da diferença entre vendas e custos variáveis, combinada com a margem de cobertura (participação da margem de contribuição de uma unidade gerencial – produto, cliente etc. – no resultado total da empresa) são indicadores que apoiam decisões sobre o conjunto de clientes atendidos, portfólio de produtos, posicionamento e preços destes.

E, se da margem de contribuição, for subtraído as despesas diretas, ou seja, gastos específicos de uma unidade de negócios (loja, fábrica etc.), chega-se a outro indicador o qual contribui na análise de viabilidade destas unidades.

Por fim, o lucro é uma comparação entre esforços – em finanças, isto é entendido como gastos – e as recompensas conquistadas por estes (esforços) – faturamento. Portanto, os dispêndios em uma empresa tem como objetivo gerar recompensas. Esse indicador então aponta se a estrutura está adequada à receita gerada, apoiando decisões quanto aos recursos utilizados e gestão dos talentos.

Como lucro não é caixa, e como há outros fatores que também afetam a liquidez, então existe outro conjunto de indicadores para tomar decisões a respeito do caixa: Necessidade de Capital de Giro (NCG), variação desta, prazos (recebimentos, pagamentos e estocagem) e tamanho ótimo.

A recomendação é que o processo decisório inicie por este último índice, já que este indica se o lucro operacional foi capaz de suportar o aumento dos investimentos em estoques, clientes e amortização de fornecedores (aumento da NCG). Quando a variação da NCG é maior do que o lucro operacional significa que os recebimentos de clientes foram menores do que os pagamentos de gastos operacionais, gerando redução do caixa. Portanto, para reverter esta situação, devem ser tomadas decisões para aumentar o lucro e para reduzir a NCG.

O que fazer para mexer com a primeira variável foi o tema dos dois parágrafos anteriores. Agora, o que afeta a NCG? Os prazos. Quanto maior o prazo de recebimento e o tempo que itens ficam parados no estoque, mais demora para o dinheiro entrar no caixa.

Quanto menor o prazo de pagamento, mais rapidamente o dinheiro sai. Enfim, esses indicadores de liquidez auxiliam em decisões relacionadas a prazos negociados com clientes e fornecedores, processo de produção e estratégia de compras (tempo de itens no estoque).

 

Índices e Diagnóstico de Novembro de 2014

LUCRATIVIDADE

  TOTAL INDÚSTRIA VAREJO SERVIÇO***
Margem de Contribuição 34,0% 35,0% 28,2% 56,3%
Lucratividade Operacional 5,7% 4,0% 7,4% 5,5%
Lucratividade Líquida 4,1% 2,3% 5,6% 4,9%
PE* Operacional 83,3% 88,7% 73,8% 90,2%
PE* Líquido 88,0% 93,3% 80,0% 91,3%
LÍQUIDEZ
NCG**/Recompensa (Faturamento) 1,42 1,37 1,47  
Variação da NCG/Lucro Operacional 0,83 2,51 -0,05  
Formação de Caixa Operacional/Lucro Operacional 0,17 -1,51 1,05  
Formação de Caixa Total/Lucro Operacional 0,27 -1,05 0,96  
Ciclo Econômico e Financeiro (em dias) 95 72 118  
Prazo de Recebimento de Clientes (em dias) 39 53 25  
Prazo de Estoques (em dias) 121 84 157  
Prazo de Pagamento de Fornecedores (em dias) 65 64 65  
Inadimplência/Total de Contas a Receber 13,8% 20,4% 7,3%  

*PE – Ponto de Equilíbrio          ** NCG – Necessidade de Capital de Giro           ***Regime de Caixa

 

 

Novembro foi mais um mês de lucratividade positiva para todos os segmentos. No entanto, com comportamentos diferentes. Na Indústria esse indicador continuou em queda, dessa vez foi de 6,0% (em outubro) para 4,0%.

Porém, agora diferente do mês anterior, a explicação só pode recair sobe a queda de vendas e/ou aumento de despesas fixas, já que a margem de contribuição até cresceu um pouco: de 34,3% para 35,0%. Para as indústrias que não estão relacionadas a produtos com grande demanda no Natal, de fato foi um período mais “devagar”. Nessa análise vale reforçar que eventuais aumentos de despesas nada tem a ver com 13o ou mesmo uma concentração de férias que costuma ocorrer nesse período, já que estes gastos são apurados todos os meses (1/12).

O Varejo por sua vez apresentou uma reversão na queda apresentada e cresceu o lucro operacional de 3,9% para 7,4%, junto com a margem: de 26,9% para 28,2%. Por fim, Serviços também apresentou redução: 7,4% para 5,5%. A explicação tende a ser semelhante à da Indústria, já que a margem também cresceu: de 42,3% para 56,3%.

Uma notícia que não tenho certeza que pode ser comemorada, são os juros, os quais foram ligeiramente abaixo do ocorrido em outubro, conforme pode ser observado na diferença entre lucratividade operacional e líquida, que de 1,7 pontos percentuais foi para 1,6.

Agora para o caixa o comportamento foi oposto ao mês anterior. A Indústria reduziu -1,05. Pode-se dizer que a maior responsabilidade disto foi a própria operação, ou seja, recebimentos de clientes menores do que pagamentos de gastos operacionais (-1,51).

O Varejo por outro lado conseguiu aumentar sua capacidade de pagamento em 0,96, o que também pode ser atribuído à operação, já que o resultado do indicador Formação de Caixa Operacional/Resultado Operacional foi de 1,05.

O que contribuiu para esse desempenho no Varejo foi a redução do Ciclo Econômico, ou seja, de outubro para novembro de 145 para 118 a distância entre a data do pagamento de uma determinada mercadoria e o recebimento pela venda desta.

O importante é identificar se essa queda de 27 dias foi realmente consequência da gestão de prazos mais eficaz, ou foram realizadas prorrogações junto a fornecedores, pois o aumento do prazo médio de pagamento representou metade dessa conquista (13 dias).

Certamente a redução de 10,2% para 7,3% da inadimplência também deve ter ajudado.