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Cuidado: aumentar vendas sem controle pode corroer o caixa.

Este Incrementando foi criado como um meio para vivermos nosso propósito:

HUMANIZAR OS NÚMEROS PARA PROSPERAR EM UMA NOVA ECONOMIA.



No boletim anterior comecei a explicar um fenômeno relativamente comum nas empresas, o “Efeito Tesoura”. Para continuar o assunto, a seguir há um exemplo com os resultados de uma empresa.

 

Entendo que vale recordar que movimentação de caixa é consequência do lucro gerado menos a parcela deste destinada aos investimentos realizados na operação, ou seja, o aumento da Necessidade de Capital de Giro (NCG). No exemplo, no mês II o caixa diminui em R$ 200 mil – lucro de R$ 200 mil menos R$ 400 mil de crescimento da NCG. Em outras palavras, o volume de pagamentos dos gastos operacionais, variáveis e fixos, superou em R$ 200 mil os recebimentos que ocorreram dentro do mês referentes às vendas. O saldo de caixa que era de R$ 500 mil, por exemplo, caiu para R$ 300 mil. O efeito tesoura estará instalado na empresa, se a mesma relação entre lucro e variação da NCG continuar se repetindo nos próximos meses. Considerando esta hipótese para o exemplo, no mês III o saldo cairia para R$ 100 mil, e no período seguinte a empresa teria que captar R$ 100 mil junto às instituições financeiras.


Que paradoxo: mesmo com o crescimento do faturamento e do lucro, a empresa poderia começar a ter problemas financeiros.

O que fazer então? Não aumentar as vendas? Reduzir o incremento do faturamento pode ser sim uma alternativa. Vamos supor que o aumento nas vendas dessa empresa fosse somente 5% ao invés de 20%. O lucro seria de R$ 125 mil e o crescimento da NCG, R$ 100 mil. Portanto, o caixa ganharia um aporte de R$ 25 mil. Esse limite de incremento no faturamento ocorre na hipótese de não ser possível aumentar os preços de venda, reduzir os custos variáveis (materiais, impostos, fretes etc.) e/ou diminuir os gastos fixos. Ações que fariam o lucro aumentar.

 

A outra alternativa é trabalhar prazos. Esta empresa pode manter o crescimento das vendas em 20%, se conseguir negociar com fornecedores e aumentar o prazo médio de pagamento em dois dias, reduzir em três dias a média dos prazos de recebimentos e no tempo em que os materiais e produtos ficam “parados” nos estoques. Com tais conquistas a NCG aumentaria somente R$ 180 mil, inferior ao lucro de R$ 200 mil. A principal lógica disto é que uma parcela maior do dinheiro da empresa fica no caixa, porque há uma redução nas aplicações em estoques e clientes. Portanto, é essencial que a empresa possua ferramentas, e conhecimento para utilizá-las, as quais possibilitem identificar a situação de todas essas variáveis econômicas e financeiras.




Marcelo Simões Souza

 




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